Hoje foi um dia só com uma etapa de ligação onde toda a equipa “Bianchi Prata Competições / Vodafone / ACP Moto / CIN” teve que retemperar forças para as últimas 4 etapas deste 29º Lisboa-Dakar
Hélder Rodrigues - “Hoje foi um dia bastante bom para nós, pois estava-mos todos muito cansados. Um dia praticamente de repouso com uma ligação pequena, mas até fez bem para descontrair um pouco. Agora estamos a preparar tudo para amanhã arrancar-mos na frente do Dakar mais uma vez. Vai ser mais uma aventura, O meu objectivo amanhã vai ser rolar rápido, com cabeça, com juízo. Vou tentar navegar ao máximo para fazer o máximo de kilometros possíveis na frente. ”
Pedro Bianchi Prata - “A etapa de hoje foi muito tranquila, porque foi só uma ligação, numa toada amena em alcatrão. Até viemos junto com as assistências. A etapa de há 2 dias atrás é que continua sem me sair da cabeça. A aventura que passei naquela noite no deserto e as coisas que vivi naquelas mais de 24 horas em cima da mota, e que ao fim ao cabo foram 2 etapas juntas porque cheguei de manhã e arranquei logo para a etapa seguinte. Foi uma aventura muito engraçada, onde tive um problema com a roda de trás e o pneu rebentou. Passei a rolar somente na jante, e as coisas foram-se complicando. A etapa era dura, com muita pedra e areia e a mota não andava principalmente na areia e tive de a empurrar muitas vezes, mas passado pouco tempo percebi que era impossível chegar ao fim nesta condições, mas não queria desistir. Mesmo assim e com a ajuda de outros pilotos e a muito custo consegui chegar ao CP1 à 1 da manhã. Aqui consegui autorização de um piloto que teve um acidente e que tinha uma Yamaha igual a minha, que me cedeu a roda. A partir dai, foi fazer todo o resto da especial que os pilotos tinham feito de dia, à noite, da 1 às 7 da manhã. Foi uma experiência única, Adorei andar no deserto à noite, ver os animais, a paz, a solidão, o silêncio, que existe. Não trocava esta aventura por nada neste mundo. Esta noite deu para pensar muito bem na vida. Pensar bem nas prioridades que tenho, e que muitas vezes não damos a importância necessária a pequenas coisas e que têm muito significado e outras em que damos à importância que elas não merecem. É um pouco do que eu vejo neste povo, que vive praticamente na miséria e que não têm condições nenhumas, nenhum conforto, e que dão valor a tudo. Até um simples adeus nosso em cima da mota. São coisa que este Dakar me tem ensinado e nunca vou esquecer. Aquelas horas todas no deserto sozinho ajudaram-me a decidir muitas coisas na minha vida que tenho de tomar quando chegar a Portugal. Vou ser uma pessoa diferente quando chegar ao meu país. ” |