O inesperado aconteceu. O Lisboa-Dakar foi cancelado pela organização por razões de segurança. Ontem o rumor já circulava no paddock, mas ninguém queria acreditar no pior cenário. Depois de tanto trabalho e com tantas expectativas, tudo se desmoronou.
É difícil descrever os sentimentos entre as centenas de participantes que se preparavam para amanhã iniciar mais um Dakar. As caras têm um ar triste e ainda é difícil acreditar. O sonho que fica por realizar, os resultados que ficam por acontecer, o trabalho e o investimento que quase nada rendeu.
Para Paulo Gonçalves é ainda difícil crer na realidade: «Hoje de manhã a notícia caiu que nem uma bomba. Não queria acreditar e ainda me custa a crer que realmente vamos todos para casa sem cumprir aquilo a que nos propusemos e tanto trabalho deu a preparar. É uma tristeza e uma desilusão muito grande».
Quanto às razões que levaram à anulação da prova o piloto da Repsol Honda adianta: «Claro que temos que apoiar a decisão da organização. É unânime entre todos que a segurança é o mais importante para todos. Parece que o risco era mesmo muito elevado e certamente que a ASO ponderou bem antes de decidir. Havia a hipótese de fazer a prova só em Marrocos, mas assim nunca seria um verdadeiro Dakar. De qualquer forma os pilotos ficam numa posição muito complicada, pois esta situação implica a perca de muito dinheiro».
Paulo Gonçalves já havia verificado e colocado a sua moto em parque-fechado. Estava tudo pronto para realizar uma grande prova: «Estava muito confiante e muito motivado para esta prova, por isso custa ainda mais não poder realizar este Dakar. Estava tudo perfeito, a moto, eu, a equipa… é mesmo difícil…»
Quanto ao futuro do Dakar o piloto de Esposende comenta: «Vamos ter que aguardar. Ainda é cedo para saber como será no futuro, mas julgo que a organização terá que repensar tudo porque África parece que não oferece mais garantias de segurança. Uma situação destas não pode voltar a acontecer, é grave demais para toda a gente», Paulo Gonçalves acrescentou ainda: «Quero agradecer à minha equipa e a todos os que mais uma vez me apoiaram neste projecto».
Resta aguardar que a maior prova motorizada do mundo não fique comprometida, podendo surgir alternativas.
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