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Dakar 2005

 
 
Ricardo Leal dos Santos faz balanço deste Dakar

"Dakar 2005 deu currículo para novos voos mas... ser assaltado nunca me tinha acontecido"

A dupla Ricardo Leal dos Santos / Rui Silva, a bordo do Mitsubishi Pajero V6 3500 da equipa Berner / Simplesnet / BFT Desert Team, foi uma das quatro equipas portuguesas que no passado Domingo logrou terminar a sua participação na 27ª edição do Barcelona Dakar por muitos considerada uma das mais duras de sempre. Chegados a Portugal e já refeitos de quinze dias vividos de forma muito intensa fazem um balanço dessa participação... e juntam algumas estórias que ajudam a pintar com cores muito vivas, o relato da sua aventura!

Para Ricardo Leal dos Santos a nossa participação foi “à moda antiga. Não íamos com objectivos desportivos nem levamos muito material de assistência, apenas íamos bem munidos de ferramentas, a que não é alheio o patrocínio da Berner. O nosso carro seria dos mais antigos em prova e o Rui nunca tinha feito um Dakar. Somando tudo, a nossa meta era chegar e ultrapassar da melhor forma todas as dificuldades. Ao contrário do que se possa pensar o nosso maior problema residiu não nas dificuldades naturais da prova mas daquelas que eram acrescentadas por toda a caravana que ia a nossa frente em especial pelos camiões. Dou um exemplo. Um cordão de dunas que ultrapassaríamos em dez minutos de dia com a pista normal, como fazem os pilotos da frente, tínhamos de o fazer com o Rui fora do carro a orientar as manobras já que as dunas estavam desfeitas e o que se nos apresentava era puro trial. Houve um dia em que demorámos cinco horas para fazer 30 quilómetros” salienta o piloto para quem “esta foi uma experiência nova já que de moto nunca via as pistas assim. De noite – e quanto mais partíamos no fim mais de noite fazíamos a prova – o que era ainda pior. Andamos até ao amanhecer em 5 etapas. Os faróis do nosso carro não tinham um grande alcance dentro das dunas e com as principais passagens barradas por carros atolados era necessário esperar pelos camiões com melhor iluminação e visibilidade passam para lhe seguir o rasto.

Assaltados à saída de Atar

Um dos momentos mais dramáticos vividos pela equipa aconteceu na etapa 10, sessenta quilómetros depois de Atar. “Já éramos dos últimos carros em pista quando depois de passar uma aldeia e à passagem por um desfiladeiro, nos apercebemos que estava um grupo a atirar pedras. O intuito era evidente e já nos tinham alertado para isso. Íamos ser assaltados. A pista tinha um talude e uma parte mais inclinada. Encostei o mais possível ao talude para não dar espaço a ninguém e tentei ir o mais depressa que podia, mas a pista era uma trialeira cheia de pedras gigantes e a tentar que não conseguissem abrir o carro deve ter batido com o fundo numa pedra mais saliente e senti perfeitamente qualquer coisa a partir-se. Percebi que era da suspensão mas felizmente o carro andava e como eles não conseguiram abrir as portas nós lá conseguimos sair dali. Parei um pouco mais à frente para ver os prejuízos com o Rui sempre a olhar para a pista a ver se eles não voltavam a aparecer. Confesso que tive algum medo e com a suspensão partida e a faltarem 500 KM cheguei a pensar que a nossa prova tinha acabado por ali ”.

Top 10 “árabe”

Para Rui Silva esta foi também uma experiência alucinante. “Já tinha acompanhado o Ricardo em várias aventuras mas esta ultrapassou tudo em termos de dureza e exigência física, porque a partir de certa altura já quase não tínhamos oportunidade de dormir. Era sempre em continuo. Houve dois dias em que chegámos e trinta minutos depois partimos. Mesmo assim fomos cultivando algumas amizades já que a parte de trás da caravana era sempre composta pelos mesmos e várias vezes ajudávamo-nos uns aos outros. Mesmo assim desse Top 10 “árabe” como lhe chamávamos nós fomos os únicos que chegamos a Dakar.

“Bricolage” na especial

No dia em que arrancaram para o sector selectivo logo após terem chegado “nem deu para perceber bem qual era o problema de embraiagem que tínhamos já que a meia hora de que dispúnhamos foi só para encostar para o lado e teve de ser o controlador a chamar-nos para entrarmos para o troço cronometrado. Por isso – e como já estávamos na Africa negra com muitas aldeias ao longo do percurso – não hesitei numa povoação onde viu uma placa de mecânico, paramos e para espanto geral contratámos o rapaz que lá estava para tentar dar um jeito na embraiagem. Enquanto ele tentava dar com o problema nós aproveitamos para limpar os filtros e fazer os reapertos que deveriam ter sido feitos à chegada” conta Ricardo Leal dos Santos que se sente um vencedor na medida “em que sempre disse que apenas queria terminar. Era a minha primeira vez de carro, e depois de ter conseguido fazer o Dakar de Quad, esta foi igualmente a minha vitória e soube tão bem como muitos outros sucessos desportivos”.

Um futuro com outras ambições

Terminando o Dakar com uma “folha de obra” limpa, zero toques, zero erros de pilotagem e navegação, uma condução rápida sempre que a pista era só técnica e uma licenciatura em situações críticas de carro no deserto Ricardo Leal dos Santos está convencido de que “estamos bem preparados para voltar no próximo ano mas nessa altura espero fazê-lo aos comandos de uma máquina mais performante e que, ao contrário do que foram os nossos objectivos que reafirmo foram excelentemente cumpridos, nos permita ter outras ambições desportivas e lutar por lugares e por metas ao nível daquelas que já anteriormente alcancei em Quad."

A2 Comunicação, 2005-01-20
 
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