O “touareg” Carlos Sainz, apesar dos azares que lhe bateram à porta no Lisboa Dakar 2006, é um verdadeiro cavalheiro da competição, em qualquer parte do mundo.
Antes da chegada a Nouakchott, o Toyota Land Cruiser de Céu Pires de Lima/Arnaldo Marques caiu, mais uma vez, em situação difícil, imobilizando-se num conjunto de dunas. Sem conseguirem resolver a situação, viram chegar o “salvador”... neste caso “El Matador”:

“Nem queria acreditar, quando vi chegar o VW Touareg do Carlos Sainz. Mesmo atrasado, devido ao problema que teve no início da etapa, passou por nós e parou para nos ajudar. Acabámos por ter sorte no meio de tanto azar. Foi tão simpático! ”, referiu, sempre bem disposta, Céu Pires de Lima.

Com ar determinado, o piloto espanhol limitou-se a dizer que, naquele momento, a classificação já não contava para ele…

Também com problemas na embraiagem do Land Cruiser e com alguns furos pelo caminho, os trabalhos forçados ao longo das etapas são uma constante para a dupla.

“Temos dormido cerca de duas horas por noite. Fisicamente estou bem, mas tenho muito sono”, confidenciou a piloto, que aproveitou a paragem na capital da Mauritânia para recuperar forças.

Compensar o cansaço com boa disposição, parece ser a receita encontrada por Céu Pires de Lima e Arnaldo Marques para fazerem frente às adversidades das três anteriores etapas disputadas. Apesar das inúmeras paragens a que o carro da Moletto Sport foi obrigado, conseguiram sempre encontrar forças através de uma postura carregada de “fair play” e bom humor.

As areias mauritanas mostraram-se implacáveis com a caravana do “Dakar”, e as desistências fizeram-se sentir. Coleccionando algumas dificuldades, a tripulação concorrente nº 442 chegou sempre tarde ao final de cada uma das etapas, mas continua em prova, demonstrando espírito de sacrifício e combatividade.

Céu Pires de Lima/Arnaldo Marques partiram hoje, em 108º lugar, enquanto as outras duplas da Moletto Sport, Luís Costa/Pedro Lima saiu em 42º e Adélio Machado/Laurent Flament em 64º.
Hoje a etapa volta a ser decisiva e o dia promete ser demasiado longo. Uma tirada entre Nouakchott e Kiffa, a mais longa do rali, com uma extensão de 874 km, leva os concorrentes em prova a disputar uma especial com 599 km.

O adeus às dunas poderá aliviar alguns receios, mas a entrada em regiões mais tropicais com pistas mais duras e montanhosas, poderá trazer preocupações com as suspensões das viaturas. Nas fileiras da Toyota France as maiores preocupações prendem-se com as embraiagens de todos os Land Cruiser. É que o material que chegou de Paris para resolver os problemas existentes, acabou por vir trocado...