Apesar de termos ficado sem um carro . Adélio Machado (38º), um estreante no TT que termina como terceiro melhor português. . Céu Pires de Lima (66º) concretizou, à segunda, um sonho bastante sofrido.
A etapa de consagração, com passagem nas margens do Lac Rose, é tradicionalmente o espectáculo que culmina a grande competição mundial. Este ano, a morte de duas crianças por atropelamento, já nas estradas senegalesas, levou a direcção da prova a cancelar a cronometragem da última especial.
Assim, quem se dirigiu a Dakar para ter o prazer de observar, ainda, os “resistentes” nas suas performances, limitou-se a vê-los em desfile. Foi o caso do piloto líder da equipa Moletto Sport, Luís Costa que, quando era o terceiro melhor português e a demonstrar grandes possibilidades de uma classificação final entre os 25 primeiros, foi vítima de um acidente que o obrigou e ao seu navegador Pedro Lima, à desistência.
Luís Costa – Uma boa experiência e uma certeza: Vamos fazer o nacional de TT
Este não será, certamente, o balanço que o líder da Moletto Sport gostaria de fazer no final do Lisboa/Dakar. Luís Costa está naturalmente decepcionado em termos pessoais, porque infelizmente abandonou no decorrer da 9ª etapa, após capotar o seu Toyota Land Cruiser. Hoje, mais a frio, é possível tirar algumas conclusões em relação à participação da equipa nortenha na grande maratona africana, embora o balanço geral tenha de ser remetido para mais tarde.
Sem interiorizar demasiado a sua participação ao lado de Pedro Lima, Luís Costa avança com a sua leitura:
“Para já, só posso fazer um balanço positivo. Foi uma experiência enriquecedora para quem conseguiu terminar a prova. À partida de Lisboa, sabia que era muito difícil chegar a Dakar com os três carros. Desta vez, o azar calhou-me a mim, mas em termos gerais da equipa só posso tirar boas conclusões. Dos sete carros inscritos pela Toyota France, três chegaram ao fim, dois dos quais são da Moletto Sport. A nossa assistência esteve brilhante ao longo dos 14 dias de competição, e gostaria de realçar a dedicação dos três mecânicos portugueses que integraram a estrutura da Toyota France. O António Rodrigues, o Manuel Borges e o Francisco foram verdadeiramente fantásticos e a sua actuação foi determinante para o êxito do Adélio e da Céu”.
Sem querer arranjar desculpas para o seu abandono, Luís Costa relembra:
“Foi de facto o preço da inexperiência. Os problemas constantes com a embraiagem do Toyota, um engano pontual na rota, que me levou a andar demasiado rápido num terreno difícil, levou a um acumular de situações que motivaram o acidente. Agora, um passo em frente! É necessário pensar no futuro”.
Conquanto seja ainda muito cedo para fazer um balanço final, o piloto não deixa de apontar algumas linhas mestras:
“Em termos desportivos, foi bom para a Moletto Sport ter estado no Lisboa/Dakar. Quanto aos resultados mediáticos e o retorno que vão fazer para novos patrocínios, … vamos ver. Sobre projectos internacionais, a equipa está preparada para novos desafios, para além de a nossa participação no Campeonato Nacional de Todo Terreno ser uma certeza”.
Nas praias de Dakar, à beira do Lac Rose, Luís Costa amadurece a aventura recente e sente-se naturalmente feliz pelos sucessos alcançados pelas outras duas formações da Moletto Sport.
“Estou muito contente porque a Céu conseguiu realizar o seu sonho. Ao Arnaldo deixo também um grande e forte abraço, enquanto que para o Adélio Machado e o Laurent Flament, os meus parabéns e a natural satisfação por terem sido a terceira melhor equipa com as cores portuguesas”.
ADÉLIO MACHADO: Quero vencer o T2 em 2007
Adélio Machado prometeu abrir o champagne em Dakar e cumpriu a promessa. O piloto de Famalicão, acompanhado pelo francês Laurent Flament, conseguiu atingir o seu objectivo, juntando ainda o facto de ter alcançado o terceiro lugar entre os pilotos portugueses.
“Foi bom demais. A sensação de estar no Lac Rose é inexplicável! ”, referiu Adélio Machado que na sua estreia no Dakar consegue chegar ao 38º lugar final, e conquistar o 5º lugar entre as viaturas do grupo T2. Esta foi a prenda que o piloto ofereceu a si próprio pelos seus 40 anos de idade, deixando mais uma promessa:
“Agora quero continuar até aos 50. Uma década a participar numa das maiores aventuras de sempre. O Laurent foi a escolha correcta, pois conseguiu ser sempre o navegador que me fez falta. Quanto ao Toyota Land Cruiser, um carro impecável! ”
E para acabar em beleza: “Furei ao descer do pódio. Foi para dar sorte para o futuro. Em 2007, quero vencer o T2”.
CÉU LIMA: É maravilhoso chegar ao fim!
Ainda não foi desta que Céu Pires de Lima conseguiu dormir um sono profundo. No hotel em Dakar, um autêntico ataque de melgas deixou a piloto sem pregar olho. Mas o mais importante é que conseguiu concretizar o sonho.
“Ainda estou nas nuvens! Este é um sonho estranho, porque foi muito difícil concretizar. Desde que se concebeu a ideia, até chegar aqui, passaram-se muitas coisas. Mas este foi mesmo o tal desafio e quando se consegue chegar ao fim é maravilhoso”.
Céu Pires de Lima e Arnaldo Marques são o espelho da felicidade nas praias de Dakar.
“Vive-se, hoje, um ambiente de festa. Foi emocionante ver imensos portugueses ao longo da praia, agitando bandeiras nacionais num apoio muito caloroso à nossa participação. A organização e todas as equipas participantes montaram um verdadeiro circo, com imensas tendas espalhadas em volta do pódio onde se almoça e se saúda o final deste Lisboa/Dakar”.
Céu Pires de Lima e Arnaldo Marques fazem parte de uma percentagem feliz. Partiram 180 carros, chegaram 68 e eles estão no lote restrito. Entre todos, apenas duas mulheres piloto subiram ao pódio.
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