Miguel Barbosa reuniu hoje no Restaurante Estufa Real, patrocinadores e jornalistas para um almoço convívio sobre o Rali Lisboa – Dakar onde agradeceu a todos quanto o apoiaram neste passo em frente na sua carreira.
A primeira participação de Miguel Barbosa no Rallye Lisboa Dakar 2006, foi de facto uma inesquecível experiência para o Bi-Campeão Nacional de TT, que atingiu claramente os seus objectivos e formando com Miguel Ramalho a primeira dupla portuguesa a cortar a meta no Senegal. Para quem estava habituado a guiar carros mais competitivos nos últimos anos em Portugal, Barbosa teve a humildade de participar num carro bastante mais lento e menos potente, com o objectivo de aprender. No final, além de ter conseguido um excelente 21º lugar, foi considerado por muitos, como o piloto revelação do Rallye Lisboa Dakar, e o melhor rookie.
Começando por fazer dois excelentes resultados nas etapas portuguesas (24º e 23º) ainda a habituar-se à Nissan Pathfinder, o piloto estava muito bem classificado, numa altura em que estavam ainda em prova 18 pilotos das equipas oficiais. Miguel, começou logo aí a impressionar e até Dakar, passando por algumas peripécias, conseguiu por oito vezes nas 14 etapas disputadas este ano, cortar a meta entre os 30 mais rápidos.
Uma fuga de óleo no seu Nissan Pathfinder obrigou-o a perder muito tempo e a fazer o 91º lugar da primeira etapa Marroquina, perdendo 36 lugares de uma assentada. Apesar de terem partido para a etapa seguinte (quarta) com 90 carros à sua frente, Miguel Barbosa e Miguel Ramalho tiveram a espinhosa missão de ultrapassar o maior número possível de adversários: “Foi uma etapa terrível, porque as ultrapassagens não foram fáceis e perdemos imenso tempo com o pó. Foi uma desilusão porque apesar de realizarmos o 61º tempo, e passar por todo aquele suplício, ganhámos somente quatro magras posições à geral”.
Mas a “maldição marroquina” que perseguiu o Campeão Nacional, ainda foi mais voraz na Quinta Etapa, quando os dois Migueis tiveram logo de parar no quilómetro 50 da Especial, devido a se ter partido o veio de transmissão, deixando-os somente com tracção traseira, o que não deu jeito nenhum na passagem das dunas. Ainda por cima, “azar dos azares” de Barbosa, o tempo perdido com a reparação e mais alguns atascansos, atiraram a dupla portuguesa para o 136º lugar… da etapa, e na geral caíram (37 posições) para 92ª. Como consequência directa, no dia seguinte, lá estavam eles no fim da fila das partidas. A etapa que os ia tirar do “terreno amaldiçoado”, a Sexta, proporcionou-lhes a passagem para a Mauritânia onde cumpriram a etapa no 69º lugar ganhando 13 posições.
A recuperação de Miguel Barbosa/Miguel Ramalho foi a partir do sétimo dia, absolutamente fantástica. Etapa após etapa e com grande empenhamento pessoal, a equipa portuguesa esteve sempre entre os 34 mais rápidos, logrando mesmo o 13º tempo a dois dias do fim, rubricando o melhor resultado português. Foram subindo paulatinamente até ao 21º lugar em que subiram ao Pódio em Dakar. No seu ano de estreia conseguiu ser o melhor rookie da prova e o segundo melhor português. Resultados que comprovam o excelente profissionalismo de Barbosa e o colocam no patamar dos melhores pilotos portugueses da actualidade.
Rumar ao Senegal foi uma decisão muito bem ponderada: “disputar o Dakar é o sonho de qualquer piloto de Todo-o-terreno. Mas só decidi fazê-lo este ano, pois partindo a prova de Lisboa, faria todo o sentido. Procurei com esta minha primeira participação aprender o máximo, recolher informação para poder utilizá-la em edições futuras. Acho que consegui exactamente o que queria”, disse.
“Existiram alturas bem complicadas, especialmente as de Marrocos. Mas, depois aos poucos e conhecendo melhor o carro, o seu comportamento e suas limitações fomos andando ao nosso ritmo e de forma cautelosa. Conseguimos gradualmente atingir os nossos objectivos. As dunas que inicialmente pensámos serem complicadas revelaram-se até mais fáceis”, explicou.
“No final, senti quase um ligeiro sabor a vitória, pois não esperava de forma alguma conseguir o que consegui neste ano de estreia. E estes resultados devo-os também ao Miguel Ramalho que fez um trabalho exemplar”, rematou.
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